IPCA-15 fica em 0,34%, menor inflação para fevereiro desde Plano Real

RIO - (atualizada às 10h06) Prévia da inflação oficial do país, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) foi de 0,34% em fevereiro, acelerando em relação ao medido no mês anterior (0,30%), informou há pouco o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).


Trata-se do menor resultado para o mês desde o início do Plano Real, em 1994. Em fevereiro do ano passado, o indicador havia subido mais, em 0,38%. Desta forma, a prévia da inflação passou a registrar avanço de 3,73% no acumulado dos últimos 12 meses.

O indicador ficou ligeiramente abaixo da média das estimativas apurada pelo Valor Data com 32 consultorias e instituições financeiras, de alta de 0,37%. O intervalo ia de 0,22% até 0,48%. Para 12 meses, a expectativa era de 3,76%.

No acumulado dos dois primeiros meses do ano, o índice apresenta alta de 0,64%.


Com o resultado, o indicador de 12 meses segue abaixo do centro da meta de inflação do governo, de 4,25% neste ano -- a meta tem uma margem de flutuação de 1,5 ponto percentual, para mais ou para menos.

O IPCA-15 foi calculado com preços coletados de 16 de janeiro a 12 de fevereiro. O indicador mede a inflação de famílias com renda de um a 40 salários mínimos e abrange nove regiões metropolitanas, além das cidades de Brasília e Goiânia.

Seis dos nove grupos de preços acompanhados tiveram altas menores de preços ou quedas mais intensas em fevereiro, na comparação a janeiro, incluindo despesas importantes.

O grupo de alimentação e bebidas, por exemplo, apresentou inflação de 0,64% em fevereiro, desacelerando em relação a janeiro (0,87%). Dos alimentos que mostraram redução mais intensa em fevereiro estão as carnes, que haviam crescido 1,72% em janeiro e agora recuaram 0,28%. Outro destaque é o tomate, que haviam recuado 8,16% em janeiro e passaram a cair agora 20,32%.

Outros grupos com comportamento mais benigno foram artigos de residência (de +0,58% em janeiro para 0,47% em fevereiro), vestuário (-0,16% para -0,92%), saúde e cuidados pessoais (de +0,43% para +0,30%) e comunicação (de +0,06% para +0,05%).

O grupo de transportes, por sua vez, apresentou deflação de 0,46% em fevereiro, o maior impacto negativo sobre o IPCA-15 de fevereiro ao retirar 0,09 ponto percentual. O preço da gasolina caiu pelo terceiro mês consecutivo, em 2,43%. Foi também o maior impacto individual do mês.

A inflação ganhou ritmo nos grupos de habitação (de +0,08% para +0,18%) e educação (de +0,31% para +3,52%).

Pressão inflacionária típica do começo de ano, os preços do grupo Educação ficaram 3,52% mais altos em fevereiro. O grupo representou a maior pressão sobre o indicador que é considerado a prévia da inflação oficial em fevereiro, com impacto de 0,17 ponto percentual. Os destaques foram os aumentos nas mensalidades dos cursos regulares (4,6%), item responsável pelo maior impacto individual no índice do mês (0,15 ponto percentual).

Essa pressão, porém, foi a menor registrada em fevereiro nos últimos oito anos, início da série disponível do IPCA-15. O custo da Educação subiu em 2012 (5,66%), 2013 (5,49%), 2014 (6,05%), 2015 (5,98%), 2016 (5,91%), 2017 (5,17%) e 2018 (4,01%).

O IBGE lança os reajustes de colégios e cursos na pesquisa de fevereiro por entender que é o mês em que as famílias começam efetivamente a pagar mensalidades reajustadas.

O resultado reforça a percepção de que o setor de serviços segue com dificuldades de aumentar seus preços diante da renda ainda limitada das famílias. A inflação de serviços tem ficado abaixo do índice geral nos últimos meses.

(Bruno Villas Bôas | Valor)

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